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Foto do escritorEconomia e Evangelismo

Evangelismo e os melhores projetos

Atualizado: 2 de jan. de 2022




Quem já trabalhou em uma empresa razoavelmente organizada sabe que o levantamento de projetos de investimento é uma prática bastante comum. As oportunidades são listadas e ordenadas de acordo com suas rentabilidades, de modo que os piores projetos são descartados em prol dos melhores.


Imagine uma empresa que produz e distribui energia elétrica, cuja área de projetos levantou três projetos de investimento e chegou aos seguintes números:


1) Compra de uma usina eólica em operação

Custo do projeto: R$ 5.000.000,00

Retorno: 10% ao ano

2) Compra de uma subestação de distribuição de energia

Custo do projeto: R$ 5.000.00,00

Retorno: 8% ao ano

3) Construção de uma usina hidrelétrica

Custo do projeto: R$ 5.000.000,00

Retorno: 7% ao ano


A empresa, que não possuía até então o capital necessário para entrar em qualquer dos projetos, finalmente conseguiu levantar os R$ 5 milhões. Há alguma dúvida a respeito de qual será o projeto escolhido? Um administrador sábio não colocará o dinheiro da empresa no melhor negócio disponível? Não será a usina eólica o projeto da vez?


Pergunto ainda: um administrador sábio não possui diversos projetos em mente bastante analisados e estudados antes mesmo de ter em mãos os recursos para iniciá-los? Ora, se os descrentes usam sábias técnicas e métodos para multiplicar recursos que são puramente materiais, por que ao zelarmos pelos recursos de Deus somos muito menos cuidadosos, criteriosos e sábios?


Evangelismo é comparável a uma empresa de energia elétrica?


Prestemos atenção em algumas palavras da Sra. Ellen White:


"O dinheiro gasto na ampliação das instituições em Battle Creek pode muito bem ser dedicado ao plantio da verdade nas cidades e lugares onde ainda não se apoderou. O DINHEIRO FOI CONFIADO A AGENTES HUMANOS, PARA SER INVESTIDO NA OBRA DO SENHOR, DISTRIBUÍDO AOS TROCADORES E AUMENTADO COM O USO. Uma e outra vez os homens em posições de confiança colocaram diante deles a necessidade de que a vinha do Senhor fosse mais igualmente trabalhada. A vinha é o mundo, cada parte é do Senhor e deve receber a devida atenção. Nenhuma localidade deve engolir todos os recursos que podem ser obtidos para enriquecer, ampliar e multiplicar suas instalações, enquanto as maiores partes do campo são deixadas sem recursos. Esta política não é inspirada por Deus. Os chamados graciosos de misericórdia devem ser dados a todas as partes do mundo. O campo de Deus é o mundo”. Spalding and Magan Collection, p.13 (ênfase acrescentada)


“As lições de Jesus Cristo devem ser aplicadas em toda fase da vida prática. A economia deve ser praticada em todas as coisas. Ajuntai os pedaços, para que nada se perca. Há uma espécie de religião que não toca o coração, tornando-se palavras formais. Não entram na vida prática. OS DEVERES RELIGIOSOS E A MAIS ELEVADA PRUDÊNCIA HUMANA NAS ATIVIDADES COMERCIAIS DEVEM ESTAR MISTURADOS.” Manuscrito 31 (1897)/O Lar Adventista, p.381 (ênfase acrescentada).


“Os homens que ocupam posições de confiança devem considerar como tesouro de Deus as finanças que manuseiam, e usá-las de maneira econômica. Quando há abundância na tesouraria, não devem eles investi-la na anexação de prédio e mais prédio em lugares já providos de monumentos para Deus. Centenas de outros lugares estão necessitados desse dinheiro, para que, também eles, possam ter alguma coisa para representar a verdade. Todas as partes da vinha do Senhor devem ser trabalhadas. O poder de usar e desembolsar dinheiro do Senhor não deve ser deixado a critério de qualquer homem sozinho. Deve-se dar conta de cada dólar gasto. O DINHEIRO DE DEUS DEVE SER USADO NAS OCASIÕES E NOS LUGARES APROPRIADOS, PARA QUE SEJA UMA BÊNÇÃO,E TAMBÉM UMA LIÇÃO OBJETIVA DE COMO ELE TRABALHA, de acordo com os princípios da eqüidade, justiça e retidão.” Medicina e Salvação p. 165 (ênfase acrescentada).


“Os membros de nossa igreja devem sentir profundo interesse pelas missões nacionais e estrangeiras. Receberão grandes bênçãos ao fazerem esforços abnegados para plantar o estandarte da verdade em novo território. O DINHEIRO INVESTIDO NESTE TRABALHO TRARÁ GRANDES RETORNOS. OS NOVOS CONVERTIDOS, REGOZIJANDO-SE NA LUZ RECEBIDA DA PALAVRA, POR SUA VEZ DARÃO DE SEUS MEIOS PARA LEVAR A LUZ DA VERDADE A OUTROS.” Testemunhos para a Igreja vol.9, p.49 (ênfase acrescentada).


“Deus delineou planos segundo os quais todos podem cooperar diligentemente na distribuição de seus meios. Deus não Se propõe sustentar Sua obra por meio de milagres. Ele tem alguns poucos mordomos fiéis, que estão economizando e usando seus meios para promover Sua obra. A renúncia própria e a beneficência, longe de constituírem a exceção, deviam ser a regra. As crescentes necessidades da obra de Deus reclamam meios. Chegam-nos constantemente pedidos do país e do estrangeiro, solicitando missionários que lhes ensinem a luz da verdade. Isto significa aumento de obreiros e acréscimo de despesas para sua manutenção.“ Conselhos sobre Mordomia, p. 196.


Ora, percebe-se assim uma marcante semelhança entre uma empresa e um ministério evangelístico: empresas administram recursos escassos a fim de atingir propósitos específicos e mordomos dos recursos evangelísticos administram recursos escassos a fim de atingir propósitos específicos. A diferença está na importância daquilo que o mordomo de Deus possui em mãos: os recursos escassos pelos quais zela são sagrados e os propósitos específicos os quais tem em mente são as palavras do próprio Jesus:


“E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, como testemunho para todas as nações; e então virá o fim.“ Mateus 24:14


Avaliando projetos de evangelismo


A fim de que não se torne uma empreitada totalmente caótica, o grande projeto final de levar o evangelho a todas as nações pode ser destrinchado em pequenos projetos menores, alguns dos quais devem ser priorizados em detrimento de outros.


“Nossos irmãos não têm compreendido que, auxiliando o avanço da obra nos campos estrangeiros, estariam ajudando-a no próprio país. Aquilo que é dado para iniciar a obra num campo, resultará no fortalecimento da mesma noutros lugares. Quando os obreiros estão livres de dificuldades, podem ampliar seus esforços, e trazendo pessoas para a verdade, estabelecendo igrejas, haverá acréscimo de potencial financeiro. Logo essas igrejas estarão aptas a não somente levar avante a obra em seu território, como a compartilhá-la com outros campos. Será partilhado, assim, o encargo que recai sobre as igrejas dos países que enviam missionários.

A obra missionária em nosso país progredirá muito, em todos os sentidos, quando for manifestado em prol da prosperidade das missões estrangeiras um espírito de maior liberalidade, abnegação e desprendimento; pois a prosperidade da obra em nosso país depende grandemente, abaixo de Deus, da influência resultante da obra evangélica nos países distantes. É agindo ativamente para suprir as necessidades da causa de Deus que pomos a alma em contato com a Fonte de todo poder.“ Testemunhos para a igreja vol.6, p. 27.


O que a Sra. White está claramente dizendo neste texto é que, naquele momento em que ela escrevia, o projeto prioritário era o evangelismo fora da região de influência de Battle Creek e outros lugares semelhantes. Aí está um critério claro para a priorização de determinados projetos em detrimento de outros: lugares já evangelizados e amplamente trabalhados não são prioritários. Eis aí uma distinção fundamental entre o evangelismo bíblico defendido pela Irmã White e o evangelismo por metas móveis: no evangelismo bíblico inevitavelmente há uma hierarquia entre os diversos projetos evangelísticos e critérios claros que determinam o grau de importância de cada projeto, ao passo que o evangelismo por metas móveis nada mais é do que a completa falta de hierarquia e critérios nos projetos evangelísticos.


Ou, sendo um pouco mais claro: no evangelismo por metas móveis tanto faz investir em uma usina eólica, uma usina hidrelétrica ou em uma subestação, ainda que um dos investimentos seja obviamente pior do que os outros.


Consideremos o seguinte caso: um ministério de evangelismo, vamos chamá-lo de Evangelismo e Vida, recebeu R$10.000,00 para fazer evangelismo (e não há expectativa de que espere receber tão cedo qualquer outra quantia), e não sabendo bem o que fazer com esses recursos decidiu usá-los de acordo com a primeira ideia que lhes veio a mente, uma feira de saúde na cidade de Adventópolis, que se encontra a 800 km da sede do ministério. Um em cada dez habitantes nessa cidade é adventista.


Eu pergunto: podemos afirmar que esse projeto é uma benção? Se esse for o único projeto possível para o momento, sim, é uma benção. Pergunto novamente: a feira de saúde em Adventópolis é o único uso possível para os R$ 10.000,00? Quantas outras cidades além de Adventópolis e outras formas de trabalho além da feira de saúde existem?


Agora, imaginemos que ao receber os R$ 10.000,00 de donativos, o ministério Evangelismo e Vida já tenha PREVIAMENTE levantado os vários trabalhos evangelísticos que podem ser realizados e que ainda não o foram por falta de recursos:


1) Feira de Saúde em Adventópolis;

2) Distribuição de livros na cidade de Desconheçópolis, onde não há nenhum adventista;

3) Acompanhamento familiar aos interessados na fé e recém conversos na cidade de

Auxiliópolis.


Cada um dos casos já foi previamente avaliado:


1) A feira de saúde de Adventópolis custará R$ 10.000,00, mas grande parte desse dinheiro será gasto unicamente com o transporte até a cidade, que está a 800 km. Além disso, a maior parte do público da feira consistirá em pessoas que já conhecem a verdade e a própria mensagem de saúde. Não apenas isso, mas também pesa o fato de que as feiras de saúde já acontecem abundantemente nessa cidade e são promovidas pelos próprios adventistas ali residentes.

2) O projeto dois consiste em distribuir 1000 livros evangelísticos ao custo de R$8,00 cada, na cidade de Desconheçópolis, que fica a 200 km da sede do ministério, resultando em um custo logístico relativamente barato. Além disso, trata-se de um lugar em que nenhum trabalho evangelístico está sendo realizado. Com os R$10.000,00, serão distribuídos os livros e cobertos os demais custos.

3) No terceiro projeto, obreiros irão até as famílias interessadas ou recém conversas para dar estudos e auxiliá-los em questões gerais concernentes à fé. Essa cidade está a 150 km de distância e os R$ 10.000,00 serão gastos em sua totalidade no custeio dos obreiros e alguns materiais necessários.


Com base nessas informações, os obreiros do ministério Evangelismo e Vida ponderam:


• Em qual dos três projetos evangelísticos devemos colocar os dez mil reais que recebemos?

• Qual dos três projetos está mais de acordo com a missão de levar o evangelho a todas as nações?

• Em qual dos três projetos o maior número de almas será atingido pelas boas novas?

• Dadas as diferenças tão marcantes, os três projetos são realmente a mesma coisa?


Aqui peço que o leitor se coloque na posição desses líderes e pense consigo:


• Considerando que, ao escolher um dos projetos, os outros dois precisam ser descartados, qual projeto você escolheria se fosse esse líder em posição de decisão?

• Você faria questão de levantar as possibilidades para projetos evangelísticos antes de receber os recursos, ou adotaria a primeira ideia que fosse sugerida quando o dinheiro entrasse na conta?


Encerro essa postagem lembrando que, se as respostas não parecerem fáceis, sempre encontraremos algumas dicas muito úteis no Espírito de Profecia:


“Os lugares em que a verdade nunca foi proclamada são os melhores para trabalhar. A verdade deve tomar posse da vontade daqueles que nunca antes a ouviram. Eles verão a maldade do pecado, e seu arrependimento será completo e sincero. O Senhor operará nos corações que, no passado, poucas vezes receberam apelos, corações que antigamente não haviam visto a enormidade do pecado.” Evangelismo p. 21 / Carta 106, 1903.


“Cada obreiro na vinha do Senhor deve estudar, planejar, idear métodos, a fim de alcançar o povo onde está. Devemos fazer algo fora do curso comum das coisas. Temos que prender a atenção. Temos de ser intensamente fervorosos. Estamos às vésperas de tempos de luta e de perplexidades, os quais nem foram ainda imaginados.” Evangelismo p. 122/ Carta 20, 1893.


Até breve!


Lucas






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